TAMPO DUPLO  - Ou tampo "oco"



Lacote 1830



Nomex
Na busca por uma melhor projeção de som, os luthiers sempre tentaram sistemas inovadores para incrementar o som de seus instrumentos, mas sem alterar características de tocabilidade.

Em 1830, o luthier francês René Lacote construiu um violão com tampo duplo. O segundo tampo era montado entre o tampo principal e o fundo. O violão de Lacote tinha uma segunda boca, na parte de trás, no fundo e alguns de seus violões tinham braços ajustáveis.

No início do século XX, o também francês Lucién Gelas, desenvolveu e construiu um violão com tampo duplo, conhecido como double resonance guitar.

Na década de 1970 o luthier espanhol Manuel Contreras II desenvolveu sua famosa guitarra de "double tapa" e "double tapa e fondo", com um segundo tampo colocado próximo ao fundo do instrumento e, por vezes, sobreposto à madeira do fundo.

Recentemente, no início dos anos 1990. o luthier alemão Mathias Dammann construiu seus primeiros violões com dois tampos, feitos de cedro canadense com núcleo feito de varetas da mesma madeira. Mas foi em 1995 que Dammann conheceu e teve acesso a um material desenvolvido para a indústria aeroespacial, chamado Nomex, uma fibra sintética, também conhecida como Kevlar, em formato de "favo" ou, em inglês, honeycomb.

O conjunto dos dois tampos muito finos e o interior de Nomex, utilizado por Dammann, não excede à espessura normal de um tampo maciço, tradicional. Assim, o tampo duplo ou tampo oco, ganha resistência mecânica com o acréscimo do Nomex, sem que seu peso aumente.

Com maior resistência, esse sistema dispensa uma estrutura interna muito rígida (leque harmônico, treliça etc.), fazendo com que o resultado final seja um tampo que pode ser movimentado com maior facilidade pela vibração das cordas.


Double rosonance guitar


Selo
Manuel Contreras

    Eu conheci o violão Dammann do David Russell em 2001, em Santo Tirso, Portugal. A partir desse momento, com base nas explicações dadas por ele de como seria um violão com tampo duplo, passei a pesquisar esse sistema de construção.

    Uma das peculiaridades interessantes que essa construção permite é a possibilidade de utilizar dois tampos de diferentes madeiras, como um tampo de abeto externo e um tampo de cedro canadense interno, por exemplo.

 


    Eu optei por fazer um tampo escavado e, nesse rebaixo, instalo então o Nomex. A combinação das madeiras utilizadas fica sempre à critério de cada cliente, mas preferencialmente, utilizo um tampo de abeto para a parte externa, onde é feito o entalhe para a instalação do Nomex e um tampo de cedro canadense interno, revestindo o conjunto.
    O tampo externo determina as características de som que terá o violão.